Fábio de Lima (*)
Um monte de gente nesse mundo acha que um filho nasce depois de uma relação sexual, com quem você ama ou não. E eu não critico essa gente, porque, quase sempre, é assim que um filho nasce mesmo. Mas comigo foi diferente. Eu virei pai da filha da mulher que amei. Sendo assim, minha filha entrou na minha vida como uma menina loira e de olhos azuis. Sempre linda, falante, engraçada e inteligente.
Hoje minha filha faz aniversário. Completa cinco anos de idade. Deve estar uma sapeca e tanto – se eu conheço aquela “malucona”. Faz tempo que não a vejo. Mas filho é para sempre e a distância não muda essas coisas. Não sei se ela ainda lembra de mim. Não sei como está seu cabelo. Não sei como está seu sorriso. Só sei, diante das incertezas da vida, que, para mim, hoje é um dia muito especial.
Eu não sei ao certo o dia que me tornei pai. Talvez tenha sido ainda quando conversava por telefone com a mulher que eu amava, enquanto ela, grávida, conversava com nossa filha, acariciando a barriga. Pode ter sido tempos depois, quando esperávamos os três por atendimento médico durante uma madrugada fria. Quem sabe mais tarde quando a pegávamos na escola. Ou pode ter sido quando fiz, com minhas próprias mãos, um bolo de aniversário. Nunca soube e nunca vou saber.
A minha filha não tem nenhuma obrigação de entender as coisas do coração. Ela nem precisa mais lembrar de mim. O que importa é que eu a amei, a amo e a amarei sempre. Eu não me esqueço dela. Não esqueço das risadas que dei ao seu lado. Voltar no tempo eu tentei, mas não deu certo. A vida é assim. Agora quero apenas dizer parabéns – cantar feliz aniversário, baixinho, sozinho, e sorrir aqui também.
Jamais poderei me arrepender pelo que fiz. Fui o melhor pai que poderia ser. Fui pai com o coração e com a alma. Um dia, enquanto minha filha tomava uma injeção e pediu que eu a protegesse, com olhar e com palavras, tive certeza que eu era um pai como sonhei ser – mesmo que meus sonhos fossem apenas meus. Cinco anos, dez, quinze, vinte...! O tempo é uma coisa inventada pelo Homem. O amor é divino e ele não tem idade. Parabéns e fique com Deus, Beatriz.
(*) Jornalista e escritor, ou “contador de histórias”, como prefere ser chamado. Está escrevendo seu primeiro romance, DOCE DESESPERO, com publicação (ainda!) em data incerta.
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
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