terça-feira, 21 de julho de 2009

Diário Machu Picchu I, por Fábio de Lima

Fábio de Lima (*)



Só hoje publico meu primeiro texto de 2009 aqui no Comunique-se. Tirei umas férias merecidas e resolvi viajar ao Peru. Meu destino final era Machu Picchu, a cidade perdida dos Incas. Mas, já em 1911, ela foi encontrada pelo aventureiro Hiram Bingham. Talvez outras pessoas já a houvesse encontrada antes, mas quis a história que Bingham ficasse conhecido como o homem que popularizou a descoberta.

No Peru estive hospedado na cidade de Cuzco. A cidade está mais de 1.100 km distante de Lima, numa altitude de cerca de 3.400 metros, e tem apenas 300 mil habitantes – embora receba mais de 1,5 milhão de turistas todo o ano. Ela foi uma espécie de capital do povo Inca e hoje encanta os turistas não só pelas inúmeras construções de estilo colonial, mas também pelos diversos idiomas falados pelas ruas da cidade e, ainda, pelo grande número de sítios arqueológicos em seus arredores.

Eu sempre gostei de paisagens antigas, com jeito de esquecidas. Pensando bem, eu sempre gostei do passado. Então, andando pelas ruas estreitas de Cuzco, que significa umbigo do mundo em quechua, idioma herdado dos Incas e que, ainda hoje, boa parte dos nascidos em Cuzco fala, paralelamente ao espanhol, tive grandes alegrias em olhar o passado valorizado e preservado, seja pelos habitantes locais ou pelos turistas estupefatos com tanta beleza.

Os espanhóis chegaram a Cuzco em 1532 e destruíram quase toda a cidade – só reaproveitando as ruínas de pedras para erguerem suas moradias e igrejas. Eles tentaram apagar a história do povo Inca. Só tentaram. Quanto mais oprimiram aquele povo mais forte as suas raízes e culturas ficaram. Se hoje, todos os anos, milhões de pessoas deixam seus países para visitar o Peru, um país pobre de uma América do Sul pobre, é por que lá existe um povo que nunca abaixou a cabeça, mesmo diante da derrota.

(Continua na próxima semana...)

(*) Jornalista e escritor, ou “contador de histórias”, como prefere ser chamado. Está escrevendo seu primeiro romance, DOCE DESESPERO, com publicação (ainda!) em data incerta

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